quarta-feira, 15 de julho de 2015

Conversê no Porto, acarajé e intolerância religiosa

Stela à esquerda e minha amiga Jussara à direita

No ultimo dia 25 fui à Casa do Porto, um singelo sobrado no Largo de São Francisco da Prainha, pra discutir sobre intolerância religiosa. A conversa seria conduzida por Stela Caputo e Binho Cultura.

Ele, líder cultural na Zona Oeste da cidade,  negro, de dread e cordão, evangélico.

Ela, antropóloga, educadora e jornalista, moradora da baixada fluminense, branca, de olhos claros, candomblecista.

O tema era intolerância religiosa.

Aprendi, naquela noite, muito sobre as duas religiões e sobre essas duas pessoas, sobre suas trajetórias incríveis, e sobre seres humanos em geral.

Com o Raphael Vidal e a Néia, aprendi sobre receber bem, como quem recebe na sala de casa, sobre gestão cultural, empreendedorismo, economia criativa e sobre sonhos. Especialmente, sobre realizar sonhos.

Com a Mãe Sônia, do Tabuleiro da Baiana, aprendi sobre amor, respeito, criatividade e o que é um acarajé bem feito- depois do acarajé dela, acho que nunca comi um de verdade.

Acima de tudo, aprendi sobre respeito à diferença, sobre como religião não é só a maneira como você se liga com tudo aquilo que é supostamente divino, mas é a expressão cultural e de identidade de uma comunidade. É tradição, costume, dogma, mas, acima de tudo, amor. E por isso, nunca deve ser desrespeitada, negligenciada, discriminada nem marginalizada.

Aprendi sobre a crueldade das crianças, dos docentes, das instituições de ensino , dos núcleos familiares com suas crianças- e com os adultos também- mas pude ver também como as pessoas podem ser acolhedoras, respeitosas com o desconhecido, apesar de temerosas dele. Do respeito com o medo do desconhecido que as crianças tem, e como elas podem ser protetoras umas com as outras,além de extremamente sábias.

A energia ali era tão forte que em muitos momentos as pessoas choravam, ou por se identificar como vítimas de intolerância, ou com a confusão em relação à religião que às vezes acomete alguns de nós.

Talvez alguns lembrassem de como é confuso formar uma identidade complexa que comporte sua religião, ou por terem vivenciado em algum momento de suas vidas o acolhimento do amor de sua religião.

Discutimos até como lutar pelo respeito ao direito de todos nós de professar nossa religião, seja ela qual for, seja ela nenhuma.

Aprendi que "quem tolera, o faz apenas com quem não pode eliminar" (Stela), e que não devemos esperar pela tolerância, mas exigir respeito.

E aprendi que pra isso, devemos usar menos o ofá, a arma de Oxóssi, e mais o abebé, tentando sempre refletir o que é bonito. Para isso, devemos perseverar  na luta, mas com amor.

Afinal, o mel ainda atrai mais abelhas do que o fel. E o amor ainda agrega mais do que a hostilidade.

Todas as quartas a Casa Porto recebe convidados para palestras, oficinas e debates, visando discutir tópicos relevantes para a sociedade carioca e brasileira como um todo, bem como lançar um holofote à produção econômica e cultural das comunidades da Zona Portuária.

O objetivo é avivar a comunidade carioca, chamá-la a um movimento de raciocínio e reformulação, além de preparar a área portuária para o combate à gentrificação e à consequente morte histórica e cultural dessa região do Rio.

A Casa Porto convida todos os cariocas, de nascimento e coração, a participar desse movimento!



Stela autografou seu livro pra gente! Pena que não deu pra tirar foto com o Binho! Quando vi,  ele já tinha partido! :(



Nenhum comentário:

Postagens populares